terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dia do Anonimato *



Dia do Anonimato *

Dobrou a esquina decidido
A percorrer um trajeto inabitual,
Descendo a rua irregular
Notou pedestres e a muvuca central.

Gradeados, o asfalto, telhados,
Uma mureta com degrau,
Lojas, butiques, bazares,
Um açougue liquidando bacalhau.

Automóveis, lixeiras, lixo no chão
E alguma forma vegetal,
Flores num canteiro, um bueiro,
Caixotes, tubulações em geral.

No estacionamento vazio
Se encontrava escondido um casal.
Paralelo ao centro financeiro,
Muitas cifras, cortesia impessoal,

Ternos de luxo, limusines, distinção,
Suavidade fria e cordial,
Um ligeira coxo que revirava
Uma tralha imunda próximo ao local.

Passava um cliente importante
Pelo detector de metais digital.

Trinta e dois minutos atrás,
Uma madame foi assaltada; um marginal,
Foi demitido de um emprego normal,
Por não ter concluído 2° grau.

Uns metros dali estouraram o cartel
De uma quadrilha internacional,
Esquema armado, escutas, grampos,
Traçado por uma equipe federal.

Ergueu a mão prum ex-companheiro
Da época que bateu o ponto usual,
Apertava parafusos, rosqueava,
Martelava e polia na fabriqueta de pedal,

Nunca viu a empresa inteira,
Mas sabia que dali saiam bicicletas no final.

Parou numa barraca do calçadão,
Encostou no balcão e pediu um curau,
Limpou-se com guardanapo de papel reciclável,
Recordou a vida rural.

Que remeteu à puberdade,
Tingida de idealismos e anseio liberal.
Ouviu o sino e depois um hino
Vindo da igreja onde ensaiava o coral.

Leu o título dum livro grafado num outdoor,
Best-seller na imprensa oficial,
“A Doutrina dos Humildes”, volume que
Despertou-lhe o entusiasmo literal,

Vendeu 40 milhões de exemplares,
Virou mini-série de comoção nacional.

Freqüentador assíduo,
Adentrou no boteco,
Pediu um téco na medida total,

Uma pinga com cinzano
Que desceu raspano
Que nem água com sal.

Travou um carteado
Com os camaradas pingaiadas,
Gente fina esse pessoal !

Virtuoso e desapegado,
Teve cinco filhos,
Uma esposa e a ela foi leal.

Nunca em semanas, meses, anos,
Centenários e milésimos de segundos,
Após aquele dia, na história de todos os dias,
Em todos os dias dos tempos,
Em todos os tempos da história,
Apareceu-lhe outro dia tão excepcional.

Deu-se por satisfeito, visto que
Com efeito, percorreu seu trajeto inabitual.

* No Dia do Anonimato ocorreu um fato,
que não alterou absolutamente coisa alguma.

(Compositor: Michel F.M.) ©

domingo, 13 de novembro de 2011

Fique Margô

Fique Margô

Margô fica angustiada,
Por não realizar suas proezas.
Margô fica assustada,
Só de pensar nos desacertos.

Margô fica frustrada,
Com o acúmulo das despesas.
Com a quebra financeira,
Fruto de concertos na cozinha
E as prestações da geladeira.

Margô fica chateada,
Pensa estar congelada,
Numa monotonia de desventuras.

Anteontem saiu
Sem rumo à surdina.
Em sua quentura
Rancou as cortinas,
Desorientada e desiludida,
Nem o abajur apagô.

De todos os pedidos
Que desejo lhe pedir,
Peço apenas um:
Fique Margô !

De todos os pedidos
Que desejo lhe pedir,
Apenas um peço:
Fique Margô !
Por favor.

(Compositor: Michel F.M.)


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

La Chica Radiante

La Chica Radiante

Yo no hablo español
Pero su sorriso
Logo compreendi

Estava tão iluminado
Estaba muy soleado
Que yo no resisti

La Chica era muy Radiante
Percorreu num instante
Todo mi corazón

Estaba tan palpitante
Que la mía linguagem
Se transpôs en canción

Más que bela misión
Más que una distracción
Preservar su equilibrio
En mi mejor visión

Deparei-me com la pared
Pero com su chamego
Vivo solamente por usted
Y no hay más hasta luego

La Chica era muy Radiante
Percorreu num instante
Todo mi corazón

Estaba tan palpitante
Que la mía linguagem
Se transpôs en canción

Yo no hablo español
Pero su sorriso
Logo compreendi

(Compositor: Michel F.M.) ©


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Donde Vim



Donde Vim

Donde vim...
As Românias ruborizam,
Margaridas maravilham,
As Cidreiras sinalizam ali,

Aos observadores
Amadores e profissionais,
O gramado toma
Proporções excepcionais.

A diferença é essencial,
A igualdade inerente,
À variedade natural.

Ali, um pouco após a ponte,
Vi germinar um monte,
De Girassóis no Monte.
Ali, para onde o peito aponte,
Deixarei jorrar a fonte,
Da vitalidade donde vim.

Sim, perfumes vencem armamentos,
Jasmim versus sofrimento,
Balas batidas por Botões.

Munições são a forma de despeito,
De quem teme o sentimento
Mais que os esquadrões.

O poder de um ser sozinho,
Sob a posse do carinho,
Derrotando batalhões.

Ali, um pouco após a ponte,
Vi germinar um monte,
De Girassóis no Monte.
Ali, para onde o peito aponte,
Deixarei jorrar a fonte,
Da vitalidade donde vim.

Donde vim é pronde vou,
Rindo e ruborizando,
Retornando ao que o tornou.

(Compositor: Michel F.M.) ©



sábado, 13 de agosto de 2011

De: Mim / Para: Ti





De: Mim / Para: Ti

Arranjamos amplos limites,
Tumultuamos nossas autonomias,
Desperdiçamos assuntos pertinentes,
Insensíveis as anestesias.

Recordo-me com requintes,
De desprazeres absolutos,
Das ceias natalinas
Que não passamos juntos.

Do evangelho que lhe teci,
Do inesgotável, daqui e dali,
Das letras tolas que lhe ofereci,
De: Mim / Para: Ti

Das franjas esvoaçantes,
Do ranger do bebedor,
Das transpirações dançantes,
Do calor do cobertor.

Dos poros que te aspiram,
Da mutação das enzimas,
Destes termos que desconheço,
Dos alucinógenos e das morfinas.

Não me interessam as pesquisas,
Nem os avanços da medicina,
Se os astronautas vão a Marte,
Ou se a Arte sincera ensina.

Me atenho ao rito da salvação,
Glória a ti, Diva da Devoção !

Das agitações desgastantes,
Do furor ao nosso redor,
Das pausas gritantes,
Do adocicado licor.

Do evangelho que lhe escrevi,
Do inesgotável, daqui e dali,
Das letras tolas que lhe ofereci,
De: Mim / Para: Ti

(Compositor: Michel F.M.) © 2010


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dóra

Dóra

Desafiadora sem se pronunciar,

As qualidades lhe obedecem,
São pertences a lhe enfeitar.
Remova a maquiagem,
E os acessórios enfeitados.

Seus dentes perolados
Ofuscam a retina,
Globos oculares
Castanho-esverdeados,

Fios alaranjados
Semelhados a tangerina,
Perfumadas e vibrantes
Bochechas de resina.

Graduada em hipnose,
Sentidos de rapina,
Em sua apoteose
Furtou-me a idolatria.

Desafio Dóra !
Desafiadora a me desafiar.
Tua dor de outrora,
Minha dor de agora, a descontinuar.

Metáforas da Aurora
Que hão de demorar.
Mitologia nossa, há de nos coroar.

O que delonga faz confiar,
O que demora faz confiar.

Desafio Dóra !
Desafiadora a se entregar.
Tua dor de outrora,
Minha dor de agora, a descontinuar.

Metáforas da Aurora
Que hão de demorar.
Mitologia nossa, há de nos coroar.

Dóra...

(Compositor: Michel F.M.) ©

sábado, 25 de junho de 2011

Beijos Cênicos

Beijos Cênicos

Sinceramente fingidos,
Em nossa ilustração,
Individualistas acomodados,
Originam mútua identificação.

Nossos beijos cênicos,
Falsos e adequados,
Pacíficos e bélicos,
Beijos roubados,
Formam boas lamentações.

A desconfiança,
É o melhor fruto
Que por nós colhi.

Ácido e amargo,
Decretou o luto,
Suturando o corte
De seu bisturi.

Nossos beijos cênicos
E inadequados,
Fixos e ecléticos,
Beijos Roubados,
Formam boas lamentações.

Lamentavelmente
Isso ainda abate,
A ausência de
Recordações.

Prefiro recordar
O inadequado,
Do que revelar
Não ter recordado.

Nossos beijos cênicos
E dissimulados,
Imorais e éticos,
Beijos Roubados,
Multiplicam nossas divisões.

Foram beijos cênicos,
Mas de qualquer jeito,
Mesmo que roubados,
Ainda foram beijos.

(Compositor: Michel F.M.) ©

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mica



Mica

Atributos múltiplos,
Miscelânea rica,
Casta substância
Da conduta eclética.
Uma musa mística,
Evocaste Mica !

Micaelle,
O infinito não nos deterá !
Micaelle,
O indefinido nos definirá !
Em definitivo,
Só a variável restará.

Mica, miscelânea rica.

Mirra modelada
Pelo privilégio,
Privilegiada
Unida ao florilégio.

Fina flor sortida,
Assim amplificada,
Amabilidades,
Regidas e regadas.

Micaelle,
O infinito não nos deterá !
Micaelle,
O indefinido nos definirá !
Em definitivo,
Só a variável restará.

Mica,
O infinito não nos deterá !



(Compositor: Michel F.M.)
© 2011



sexta-feira, 13 de maio de 2011

15 pras 8 em Hiroshima





15 pras 8 em Hiroshima

Numa segunda-feira fresca de agosto,
Novidades repetidas soavam no rádio.
Asami despertou, com o assovio
Angelical dos rouxinóis.

Lavou seu rosto na bacia,
Escovou os dentes,
Arrumou seus lençóis,
Calçou os sapatos de feltro,
Após colocar as meias de algodão,

Seus tornozelos doloridos,
Um repuxão, devido à queda do balanço.
Mas surgia um novo dia,
Ela enrolou seu lenço no pescoço,

Mostraria àquele parquinho,
Quem era a menina das acrobacias,
Desceu as escadarias, ligeira;
Na mesa comida típica,

Um desjejum de algumas delícias.
Mamãe abotoou a gola de linho,
Penteou seus cabelos, fez carícias,
Regou as plantas com carinho.

Colheu um ramo de cerejeira,
Organizou a estante, os bibelôs
E as porcelanas na penteadeira;
Encostou as tramelas dos vitrôs.

A esta altura estava atrasada,
Asami ficou sem carona,
O ônibus passou na estrada,
Teria ela uma maratona.

Uma milha a pé caminhou,
Pelo bosque sacro andou,
Uma árvore de Ipê avistou,
Cruzando a praça e a venda.
Comeu algumas guloseimas,
Ao colégio chegou pra merenda.

Ás 15 pras 8 em Hiroshima,
Asami despertou, com o assovio
Angelical dos rouxinóis.

Enquanto isso, no extremo
Oposto do planeta,
Magnatas despertaram
Obstinados a uma ordem.

Nunca viram seu rosto,
Não sentiram o gosto do café,
Esqueceram que existe pureza,
Tornaram-se escória, ralé.

Num abismo ruiu o humanismo,
Perpetuou-se o sacrilégio,
Entre o maligno e a bondade,
Um eterno conflito cego.

Asami alcançou a imortalidade,
Mártir por sua alvura e conchego.
Mamãe nunca mais arrumou sua gola,
Asami nunca mais, calçou seus sapatos
E foi à escola.

Ás 15 pras 8 em Hiroshima,
Asami despertou, com o assovio
Angelical dos rouxinóis.
Ás 15 pras 8 em Hiroshima,
Asami despertou...


(Compositor: Michel F.M.) ©

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Imperador Pirou (A vulnerabilidade do invulnerável)

O Imperador Pirou
(A vulnerabilidade do invulnerável)

Em um Império Remoto,
Longe de qualquer progresso,
Imperava um Imperador,
Temido por seus excessos.

Seus domínios extensos,
Das pastagens à cordilheira,
Não serviram de aperitivo,
Ao cruzar com a borralheira.

O ilustre se cativou
Com aquele avental,
Sua política interna
Virou extrema liberal,
Ao contemplar a lavadeira
Numa tarefa eventual. Uau.

O Imperador Pirou,
Se fez de camponês,
Um barril de rum bebeu,
Rasgou seu manto em três,
Se proclamou plebeu,
Abandonou o clube inglês,
Não pensou no que perdeu,
Só pensou no que não fez.
Jamais se arrependeu,
E no final era uma vez...

Deu as costas à realeza
E o galanteio virou papo,
Seria ele e sua duquesa
A Imperatriz do Farrapo.

Nos registros do reinado
Anotava-se um prefácio,
A paixão de um sangue azul
Pela empregada do palácio.

O Imperador Pirou,
Se fez de camponês,
Um barril de rum bebeu,
Rasgou seu manto em três,
Se proclamou plebeu,
Deixou de ser burguês,
Não pensou no que perdeu,
Só pensou no que não fez.
Jamais se arrependeu,
E no final era uma vez...

Era uma vez...

(Compositor: Michel F.M.)
|© 2010|


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tosca Beleza

Tosca Beleza

Algumas situações são inexplicáveis, outras situações simplesmente não precisam de explicação, ela não precisava, eu precisava dela. Aquele lugar inteiro estava em uma imundice só, uma baderna infernal; lixo, sujeira, pilhas de tranqueiras trancando a passagem, um piso encardido, ambientes encardidos, móveis encardidos.

Ela acordou depois das 10h, deveria ter saído às 9h30; uma cara amassada pelo sono profundo da madrugada, um rosto belíssimo. Dizer que vê-la naquele estado matinal era encantador seria pouco, vestindo um pijama completamente esgarceado, desbotado e terrivelmente sensual, ela era toda errada e comum. Na maioria absoluta das vezes dispensava qualquer formalidade e etiqueta, era anti-etiquetas, fossem sociais ou em vestimentas informais, era informada, era formada e briguenta. Seu relaxo era charme, a negligência consigo mesma, forjava sua singularidade. Empurrou o portão, saiu.

Na rua, na realidade mundana, era o centro, o centro de convergência, centralizava a atração. Os homens mais velhos pérvidos, em suas mentes podres tinham fantasias nojentas, instantaneamente, enquanto ela cruzava de uma ponta a outra das esquinas. Os garotos jovens, alimentavam sonhos inocentes (ou nem tanto), a respeito de terem consigo uma garota como aquela, marcando presença, imponência onde estivesse. As mulheres mais velhas, recordavam a juventude de quando foram atraentes; outras que nunca foram atraentes, recordavam quando quiseram ter sido. As mais novas odiavam-na, por seu desleixo, que ainda assim e talvez graças a isso, hipnotizava os machos civilizados, queriam matá-la e o faziam em suas mentes invejosas, queriam ser ela.

As bem novinhas, ficavam maravilhadas vendo-a, não a comparavam com um conto de fadas, pois princesas não eram largadas daquele jeito, mas neste instante percebiam que não precisavam, nem precisariam pertencer ao reino da fantasia, notavam que também poderiam ser normais, indo de encontro ao desconhecido nível da tosca beleza. E sem nenhum atributo aparentemente amável, chamariam de uma forma ou de outra a incansável e disputada atenção.

(Autor: Michel F.M.)


domingo, 13 de março de 2011

Silenciadores

Silenciadores

Os armários chaveados,
Meu orgulho arranhado,
As carteiras arrumadas,
Meu estômago revirado.

Testemunhas silenciadas,
Depondo silenciosas.
Em meu silenciador,
Após silêncio a dor.

Silenciador,
Silencie a dor.

Desmontamos os pedestais,
Anulamos a exposição,
Rochas nocauteadas por cristais,
Desparcerados pela discrição.

Ela foi vítima,
Eu fui vil,
Ela é discreta,
Eu sou sutil.

Sentimentos silenciados,
Depoimentos sussurrados,
Enlaçados capturamos a libertação.

Silenciadores,
Silenciem as dores.

(Compositor: Michel F.M.) © 2010

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O mito que o mundo não conheceu

O mito que o mundo não conheceu

No fundo ainda sou aquele garoto,
Que sonhava em ser herói,
Salvar a ninfa, abater o nefasto,
Um garoto com um hobbie que não dói.

Entretanto a ninfa não me quis,
Mas ainda nos trombamos
Nossos olhos se fitam, ela diz:

Como vão os seus planos ?
Respondo: vão bem e vós,
Completa: eu também
A isso se resume o veloz
Contato apaixonante que a gente tem.

Sou o sapo que não foi beijado,
Um sapo desencantado.

Já o nefasto, subestimei-o
Se promoveu e saiu
Quando foi transferido
Do departamento, gargalhou e riu.
Se encerrou aí o grande confronto.

O heroísmo me levou a um cortiço,
Afastado, mal localizado, onde me entoco,
Pago aluguel do buraco,
Prestes a ser interditado,

Saio ou serei despejado,
Recebo um salário mirrado,
Similar a infiltração na parede de onde esquivo.
Deleito-me nos passeios de coletivo.

O contrário de deslumbrante,
Até que seria um título instigante,
"O mito que o mundo não conheceu",
Ele não viveu feliz para sempre, mas viveu.

(Composição: Michel F.M.) © 2010

sábado, 1 de janeiro de 2011

Há de vir o que advém

Há de vir o que advém

Se tu quiseres hei de querer também,
Submeter-me-ei a seus termos passionais.
Farei tudo o que lhe convém,
Como vem comover, como vais...

Ser a vela em meus castiçais,
Será vela quando navegais,
Dentre as algas dos corais.

Se tu quiseres serei hélice quando voares,
Serei asas enquanto planares,
Sereia minha, água em meu aquário,
Sobre os planaltos elevados, receptor e emissário.

Serei Lince rasgando a neve,
No extremo do hemisfério.
Serás Alícia e serei seu coelho,
Guiando-a no chamariz das maravilhas.

Leve a sério, minha querida,
Imperatriz entre as orquídeas,
Duas passagens pras Antilhas,
Só de ida. Nossa ida.

Se tu quiseres sacrificarei meus compromissos,
Quando me chamarem serei omisso,
Somente a você responderei.

Corresponderei a qualquer gesto.
Ao piscar os cílios tu me resgata.
Farei campana, armarei protesto,
Escalando seu quarto, encenando a serenata.

Ansiarei na enseada avistar-te,
Dia, noite e madrugada, até despontar-te.

Voando baixo, flutuando alto,
Fluindo no fluxo fático,
Fatídico e provável,
Verídico enganável.

Se tu quiseres serei diálogo em seus quadrinhos.
Um quadro moldurado, descanso pros quadris,
Degraus em sua escada; padrinho, noivo e juiz.

Tantas palavras difíceis
Foram com muita dificuldade,
Alinhadas em pé de igualdade,
Com a única finalidade de dizeres:

- Ainda que não me queiras,
Farei tudo o que quiseres !
Contanto que me permita
A condição de verdes;

Verdes como as árvores,
Verdes como a esperança,
Plantada na lembrança
E cultivada a fim de brotar.
Se tu quiseres hei de querer também,
Há de vir o que advém !

(Compositor: Michel F.M.) © 2008

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