domingo, 13 de setembro de 2009

Je Crois - "Se não estiver escrito, nós escreveremos."

Destino, acaso, coincidência, fado, sorte.

Sobre isso nada entendo, para mim são apenas termos aos quais podemos atribuir significados múltiplos que nos forem convenientes.


Contudo alicerço minha crença numa única concepção

"Se não estiver escrito, nós escreveremos."

(Michel F.M.)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Psicologia a serviço da Persuasão

Título: A Psicologia a serviço da Persuasão.

Escrito por: Michel F.M.


"De que lhe servem as idéias se não puder exteriorizá-las ?"


Vivemos na Era do conhecimento, definida pela acessibilidade à informação, decorrente do acúmulo de fontes aparentemente inesgotáveis de pesquisa, forjadas na globalização. Condições que só foram possíveis graças ao avanço e proliferação do modelo capitalista ao redor do mundo. Sabemos também que os excessos e a falta de limites de inumeráveis instituições e seus gestores eclodiram nas muitas crises de âmbito global pelas quais passamos no século passado e início do atual, todavia, é necessário que façamos algumas considerações antes de adentrarmos nestes méritos.

A evolução humana exige adaptações, sem elas nos deparamos com a impossibilidade de evoluir, avançar, romper com os obstáculos e barreiras que atrasam o homem na busca pelo desconhecido, impedindo-o de encontrar soluções inovadoras.

Nossa espécie é a única forma de vida terrestre que se adapta a quaisquer situações, independente das adversidades que possam imperar ao longo do caminho e graças à virtude de sermos racionais, malgrado não dispormos de proteções naturais como presas evoluídas, pelagem densa e estrutura corporal resistente a choques naturais, nós dispomos de um cérebro e isto é o bastante para prevalecermos perante as vicissitudes que possam surgir, resolvendo os problemas que nos são impostos. Nossa incrível capacidade de raciocinar, idear e criar nos define como espécie dominante em nosso planeta, esta capacidade faz com que desenvolvamos tecnologia, para a nossa sobrevivência, adaptação e conforto. Hoje vivemos o cume da evolução humana, podemos imaginar, fantasiar e supor aonde estaremos daqui quinhentos ou mil anos, mas a única certeza que temos é o que podemos provar e só podemos provar baseados nos conhecimentos passados, no que foi descoberto, investigado, analisado e deixado como herança para nós.

A Psicologia é um dos muitos testemunhos preservados em nossa história e que se amplia a cada dia com novos segmentos sendo explorados e desvendados. Como conceito existe há pouco tempo, mas como essência caminha ladeando o pensamento humano desde os primórdios. Assim como a Publicidade, que está presente desde sempre no convívio social. Independente da crença de cada um, sejam os religiosos que acreditam em Adão, Eva e a Serpente, ou as correntes cientificas, que se baseiam nos estudos de Darwin para encontrar respostas a respeito de nossa origem, ambos não podem negar que sempre se fez publicidade, o simples ato do homem se unir em clãs e iniciar o molde das primeiras sociedades refletia a precocidade, ainda que de maneira grosseira, da propagação de idéias com objetivos variados, fosse com fins de sobrevivência por intermédio de sons e gestos primitivos ou simples registro da história de maneira rupestre, na intenção de celebrar a caçada antes mesmo que esta acontecesse.

Saltando algumas centenas de milhares de anos chegamos à atualidade, fadados ao consumo, acostumados a comprar satisfações de desejos no mercado. Utilizamos deliberadamente termos como “extroversão”, “introversão”, “complexo” disso ou daquilo, sem darmos conta do peso destes termos e da significação oculta que eles carregam. Carl Gustav Jung estabeleceu estes conceitos dentro de sua Psicologia Analítica influenciada de certa forma por Sigmund Freud e a Psicanálise, apesar de seguir posteriormente outra linha, baseado em estudos que não eram de primordial interesse para Freud. Cunhado de forma pejorativa e utilizado erroneamente como algo negativo pelas pessoas, o conceito dos “Complexos” é visto por Jung como algo positivo e importantíssimo para se entender o comportamento humano, explanado profundamente por ele, edificou uma de suas bases teóricas. As idéias de “extroversão”, “introversão” e principalmente “arquétipo” comumente dispõem de vasta análise do estudioso.

Entretanto nos vem a seguinte dúvida: qual vínculo se estabelece entre a Psicologia e a Publicidade ? A resposta é simples: não há persuasão se não houver conhecimento a cerca do público que se pretende atingir. Portanto só convencemos ou estimulamos alguém a praticar uma ação, se soubermos como este indivíduo pensa; psicologia pura.

Tal interação é entendida facilmente se exemplificarmos da seguinte forma, segundo o pensamento Junguiano todos os seres humanos portam dentro de suas mentes o “Inconsciente Coletivo” onde se criam os “arquétipos”, fôrmas amorfas obviamente inconscientes, que podem vir a se manifestar ou não através do consciente, elas são sedimentadas através das gerações devido a constantes repetições de experiências. Por exemplo: todos cultivamos dentro de nossos inconscientes coletivos um arquétipo de saúde, ele não tem uma forma definida, é simplesmente o molde generalizado do que pode vir a ser a concepção de saúde em nossas vidas, então este arquétipo deixa de sê-lo a partir do momento que ele toma uma forma, se materializando em uma imagem ou definição específica, transferindo-se do coletivo para o inconsciente pessoal, misturando-se às nossas experiências e personas que habitam em nosso interior. Portanto o conceito de saúde faz parte de nosso ser pensante, “self” ou “si-mesmo”, estando oculto no inconsciente, que por vezes virá a aflorar. Ser saudável pode significar praticar exercícios físicos, alimentar-se corretamente, ou fazer algo que lhe proporciona prazer, todas estas vertentes estão ligadas a um único arquétipo, o da saúde, e ambas tem ligação com a Libido, outro conceito usado amplamente por Jung, que simboliza o desejo em qualquer escala, sendo um termo de fácil adaptação.

No universo publicitário estes estudos citados podem fazer a diferença entre o fracasso ou o sucesso de uma campanha. Voltando ao exemplo acima, uma agência está produzindo um “job” em decorrência da necessidade de uma empresa em aproximar-se de seu público, o produto oferecido é um energético estimulante para esportistas, suas principais funções estão ligadas ao bom desempenho do atleta, devido à composição natural que prioriza os nutrientes. O posicionamento estratégico trará o conceito de Saúde para o público-alvo, sendo que todas as pessoas corroboram inconscientemente tal conceito, de modo mais amplo. As peças publicitárias se bem elaboradas estarão preenchendo os espaços já existentes na mente do “target” para determinado assunto, plasmando uma idéia geral, ainda sem forma, repousada no inconsciente, fazendo com que ela se associe às experiências vividas e se fortaleça, despertando o desejo do consumidor que é materializado através da aquisição do produto.

A grande maioria das empresas que trabalham diretamente com comunicação, utilizam estes conceitos sem saber que o fazem, tais processos psicológicos são tão naturais para nós hoje, que não tomamos conhecimento sequer de sua existência, por isso muitas vezes erramos quando poderíamos acertar ou pelo menos ter um melhor desempenho de resultados. Logo reitero que tais estudos desenvolvidos por grandes personalidades da história a fim de facilitar o entendimento da mente humana, podem ser decisivos no ambiente atual em que vivemos. Quando se trata de comportamento humano não podemos afirmar nada com absoluta certeza, pois somos muito volúveis, mas a acessibilidade ao conhecimento está mais presente do que nunca e depende de cada um de nós, sabermos selecionar o que é produtivo e “agregável” e o que não é, pois nós somos os difusores deste conhecimento e nossa responsabilidade é filtrar as informações relevantes deixando-as ao alcance de todos.

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