sábado, 1 de janeiro de 2011

Há de vir o que advém

Há de vir o que advém

Se tu quiseres hei de querer também,
Submeter-me-ei a seus termos passionais.
Farei tudo o que lhe convém,
Como vem comover, como vais...

Ser a vela em meus castiçais,
Será vela quando navegais,
Dentre as algas dos corais.

Se tu quiseres serei hélice quando voares,
Serei asas enquanto planares,
Sereia minha, água em meu aquário,
Sobre os planaltos elevados, receptor e emissário.

Serei Lince rasgando a neve,
No extremo do hemisfério.
Serás Alícia e serei seu coelho,
Guiando-a no chamariz das maravilhas.

Leve a sério, minha querida,
Imperatriz entre as orquídeas,
Duas passagens pras Antilhas,
Só de ida. Nossa ida.

Se tu quiseres sacrificarei meus compromissos,
Quando me chamarem serei omisso,
Somente a você responderei.

Corresponderei a qualquer gesto.
Ao piscar os cílios tu me resgata.
Farei campana, armarei protesto,
Escalando seu quarto, encenando a serenata.

Ansiarei na enseada avistar-te,
Dia, noite e madrugada, até despontar-te.

Voando baixo, flutuando alto,
Fluindo no fluxo fático,
Fatídico e provável,
Verídico enganável.

Se tu quiseres serei diálogo em seus quadrinhos.
Um quadro moldurado, descanso pros quadris,
Degraus em sua escada; padrinho, noivo e juiz.

Tantas palavras difíceis
Foram com muita dificuldade,
Alinhadas em pé de igualdade,
Com a única finalidade de dizeres:

- Ainda que não me queiras,
Farei tudo o que quiseres !
Contanto que me permita
A condição de verdes;

Verdes como as árvores,
Verdes como a esperança,
Plantada na lembrança
E cultivada a fim de brotar.
Se tu quiseres hei de querer também,
Há de vir o que advém !

(Compositor: Michel F.M.) © 2008

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