O mito que o mundo não conheceu
No fundo ainda sou aquele garoto,
Que sonhava em ser herói,
Salvar a ninfa, abater o nefasto,
Um garoto com um hobbie que não dói.
Entretanto a ninfa não me quis,
Mas ainda nos trombamos
Nossos olhos se fitam, ela diz:
Como vão os seus planos ?
Respondo: vão bem e vós,
Completa: eu também
A isso se resume o veloz
Contato apaixonante que a gente tem.
Sou o sapo que não foi beijado,
Um sapo desencantado.
Já o nefasto, subestimei-o
Se promoveu e saiu
Quando foi transferido
Do departamento, gargalhou e riu.
Se encerrou aí o grande confronto.
O heroísmo me levou a um cortiço,
Afastado, mal localizado, onde me entoco,
Pago aluguel do buraco,
Prestes a ser interditado,
Saio ou serei despejado,
Recebo um salário mirrado,
Similar a infiltração na parede de onde esquivo.
Deleito-me nos passeios de coletivo.
O contrário de deslumbrante,
Até que seria um título instigante,
"O mito que o mundo não conheceu",
Ele não viveu feliz para sempre, mas viveu.
(Composição: Michel F.M.) © 2010