sábado, 13 de dezembro de 2014

Espírito Celeste

Espírito Celeste

Milhares de quilômetros
Nos distanciaram,
Os gestos mais inóspitos
Revelaram suas faces,

Marchei entre parâmetros,
Que me dispersaram,
A exatidão multiplicou
As suas fases.

Eu não consegui tocar a Lua,
Teu corpo estava ali, teu espírito se fora.
Eu não consegui tocar a Lua,
A luz da minha noite deixou de iluminar.

Acabei cansando
E meus olhos serrilharam,
Na última cartada
Sai com quatro ases,

Mas antes da jogada
As luzes se apagaram,
Só uma fagulha
Alicerçou as minhas bases.

Eu não consegui tocar a Lua,
Roubou de mim a luz dizendo que era sua.
Eu não consegui tocar a Lua,
Roubou a minha luz dizendo que era sua.

Desta noite em diante,
Nunca mais a contemplei,
Me tornei um cego,
Pintando em uma tela,

Buscava as cores certas
E sem ver não duvidei,
Decorei o quarto
Que seria a minha cela.

Foi longo o período
Pelo qual me enclausurei,
Nem mesmo os percalços
Me fizeram desfocar,

Alimentei as forças
No percurso que tracei,
Objetivei uma vez mais te tocar.

Então consegui tocar a Lua,
Teu corpo estava ali, Teu espírito voltara,
Enfim consegui tocar a Lua,
A luz da minha noite finalmente retornara.

Resplandeceu no escuro,
Teu corpo e tua veste,
Emanando flamejante,
Teu Espírito Celeste.

(Compositor: Michel F.M.)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Escritos

Escritos

A rajada gelada cortava seu beiço,
Estava gripado, tomado de tosse,
Cada pisada causava um tropeço,
Parábolas eram sua única posse.

Um bípede barbado,
Com roupas sovadas,
Cabelo cacheado
E calças rasgadas,

A frase lúdica que ele repetia,
Não era música, não era poesia,
Mas a enfática que ele pretendia,
Era sua voz rouca quem transmitia.

São apenas escritos,
Escritos apenas,
Escritos transcritos
E reescritos.

Não surpreenda-se
Com o que não é surpreendente,
Estamos muito surpresos ultimamente.

O conformismo é o lar do que não foi,
Resguardo para o que jamais será.
O maior problema que ao crescido cabe,
É alimentar a presunção de que tudo sabe.

São apenas escritos,
Escritos apenas,
Escritos transcritos
E reescritos.

(Compositor: Michel F.M.)

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Elo Solene


Elo Solene

Estreita medida,
Vestida de preto,
Cabelos compridos,
Cobrindo seu peito.

Atraindo o olhar,
Centro das atenções,
Magnífico andar,
Motivo de inspirações.

Mas ela não é,
Só mais uma mulher.

Escondida em seu castelo,
Protegida pelo seu Elo,
Ela estará, lá estará.

O bilhete em chamas
Havia sido tingido,
Pelas suas lágrimas,
Que foram caindo.

Ela desistiu
De se comunicar,
Seu Elo Solene
Tinha que completar.

Trocou seu amado,
Sua paixão,
Pelo seu chamado,
Sua vocação.

Porque ela não é,
Só mais uma mulher.

Escondida em seu castelo,
Protegida pelo seu Elo,
Ela estará, lá estará.

Quando quiser parar de sofrer,
Te digo o que deves fazer,
Olhe pro entardecer,
Antes de escurecer.

E acene.
Lá estará,
A estrela,
Do Elo Solene.

Escondida em seu castelo,
Protegida pelo seu Elo,
Ela estará, lá estará.

Quando quiser para de sofrer,
Olhe pro entardecer.

E acene.
Lá estará,
A estrela,
Do Elo Solene.

(Compositor: Michel F.M.)

sábado, 13 de setembro de 2014

As 24 Horas Vividas de Um Verme


As 24 Horas Vividas de Um Verme

00h00 - nascimento para uma existência imperceptível

01h00 - descoberta dos primeiros sentidos (dolorosos)

02h00 - engatinha emitindo sons pouco compreensíveis

03h00 - inicia-se o adestramento de insignificância

04h00 - aprende a armazenar desapontamentos

05h00 - forçosamente é inserido à colônia parasítica

06h00 - sofre os maus tratos que traçarão sua deformidade

07h00 - perde qualquer doçura que jamais teve

08h00 - segue-se o adestramento de insignificância
(nível intermediário)

09h00 - realiza cursos complementares de sadomasoquismo e submissão

10h00 - conhece a larva que viverá ao seu lado pelos segundos que lhe restam

11h00 - conclui o adestramento de insignificância
(nível superior)

12h00 - horário reservado para a única refeição que fará

13h00 - forçosamente é inserido à colônia parasítica profissional

14h00 - procria com o desígnio de dar continuidade
Ao sistema vigente

15h00 - festa das quinze horas vividas de um verme
(se for abastado)

16h00 - desenvolve-se em sua abreviada e meteórica carreira parasítica

17h00 - destrói a abreviada existência imperceptível de outros vermes (ônus)

18h00 - recebe o retorno frutífero por 240 minutos de dedicação (bônus)

19h00 - forçosamente é extraído da colônia parasítica profissional

20h00 - reflete sobre os danos, prejuízos, lesões, estragos e avarias sofridas

21h00 - aprende artesanato
(devaneio que deslumbrava na fase juvenil)

22h00 - adoece sem amparo do estado maior ou seguro previdenciário

23h00 - morre desejando nunca ter existido

24h00 - obtém sua redenção (ato ou efeito de se redimir)

(Autor: Michel F.M.)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Detalhes Subliminares

Detalhes Subliminares

A nuvem solitária no céu,
Lembra a silhueta de uma ilha.
A estrela que a milhares
De anos luz se dissolveu,
Incrivelmente ainda brilha.

Estes são os detalhes,
Mensagens subliminares,
Partes do infinito
E dos seus lugares.
Detalhes Subliminares.

Os trovões reluzem
Riscando o firmamento,
Vocações conduzem
Ao acerto de um invento,

As canções traduzem sensações,
Emoções produzem
Auto-conhecimento,
E estimulam as evoluções.

O som das árvores
Na floresta ecoa,
A paisagem dos luares
Cobrindo a lagoa,

Cena sem magia
Para olhos distraídos,
Pela tecnologia,
Contaminados e feridos,

Todos os instintos
Estão em extinção,
Anulados por produtos
Que entorpecem a visão,

E a sensibilidade
Em um estado terminal,
Implora a liberdade
Alegando ser vital.

Estes são os detalhes,
Mensagens subliminares,
Partes do infinito
E dos seus lugares.
Detalhes Subliminares.

(Compositor: Michel F.M.)

domingo, 13 de julho de 2014

De Tarde Vem Chuva

De Tarde Vem Chuva

A fauna se agita,
Coreografando na savana.
A flora precipita,
Ao bailar sobre a grama.

O sertão parece ser tão calmo,
Até o anúncio da irrigação,
O solo se torna alvo,
Na seca se encontra o pão.

De tarde vem chuva,
E o vento vem.
De tarde vem chuva,
Os rastros se vão.

Líquida hidrata,
Liquida fraquezas,
Vida refrata,
Estimulando belezas.

Todos os espaços vagos,
Ocupados pelo abraço dado.

De tarde vem chuva,
Excelência incontida,
A natureza triunfa,
Embriagando com vida.

De tarde vem chuva,
E o vento vem.
De tarde vem chuva,
Os rastros se vão.

(Compositor: Michel F.M.)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Célula Solitária

Célula Solitária
 
Triunfo simpatiza com fracasso,
Trunfo confia na mesmice,
A precisão confidencia ao acaso,
Entretanto, não nesta ocasião.

Célula solitária

Organismo vivo
Ambicionando sentido.
Fanatismo nocivo
Tramando suicídio.
Mecanismos destrutivos,
Regulamentos erosivos.

Próximos demais,
Ausência de privacidade.
Espécie melancólica
Exibindo intimidade.
Criaturas homônimas,
De interior inabitado.

Célula solitária

Megalópoles empanturradas de indivíduos,
Vidrados nos vultos das caixas de vidro.
Beltranos repartindo o jejum,
Decompondo-se em vala comum.

Oxalá nosso vazio se preenchesse,
Restaurando as avarias emotivas,
Evitaríamos citar tantos clichês,
Ocupando-nos com iniciativas,

Alternativas, perspectivas,
Tentativas efetivas.

Célula solitária

Se emancipando
Do isolamento da exclusão.

(Autor: Michel F.M.)

terça-feira, 13 de maio de 2014

A Parábola

A Parábola

Após descarregar seu discurso inflamado, a respeito dos valores morais e éticos, desmembrou as atitudes que corroem o alicerce da irmandade e das famílias; disparou a ira divina contra os pervertidos, depravados e desnaturados, trucidando os vícios demoníacos que circundam e afogam a sociedade. 

Ele deixou a igreja pela porta da frente. Com as costas voltadas para o templo, deu um suspiro; acendeu um cigarro, amaldiçoando em pensamentos todos os bem aventurados. levava consigo a oferenda dos fiéis. Ainda naquela noite, bebeu meio litro de Whisky, cuspiu num vagabundo que lhe implorou auxílio; dirigiu alcoolizado o veículo custeado pela paróquia;

Encostou à beira da estrada, deu carona para três crianças, duas meninas e um menino. Irmãos que moravam num acampamento mantido pela congregação. Na madrugada praticou atos terríveis. Os inocentes retornaram ao abrigo. Violados, marcados e corrompidos. irreparáveis em suas perdas. Ele voltou para sua cobertura; admirou fotos proibidas; tomou um copo de leite quente, fez uma oração antes de deitar.

Ps. Deus observou descrente, não podia acreditar.

(Autor: Michel F.M.)

domingo, 13 de abril de 2014

A Casa de Limões

A Casa de Limões

Numa tardinha
Me atordoaram
C'um causo.

Encostado do
Moinho da Sardinha,
Perambulava um garoto,
Que vivia numa casa
Feita de limões.

Ouvi um cochicho
Sobre um jovem Javali
Que se tornou padeiro.
E outro buchicho
Sobre um centenário Jabuti
Que se formou doceiro.

Mas este boato
É de maior capricho,
O aposento do guri
No topo dum limoeiro.

Construção ecológica.
Amarrava a dentaria
Sua hospedaria.
Parecia até mágica
Bruxismo ou feitiçaria.

Agora eu entendia
Quando minha mãe dizia,
Que existiam pessoas amargas,
Difíceis de manter relações.
Também pudera serem azedas,
Vivendo numa Casa de Limões.

(Autor: Michel F.M.)

quinta-feira, 13 de março de 2014

Ouço a sua Voz


Ouço a sua Voz
Sinto uma tristeza,
Quando fico sozinho,
Tinha a convicção,
Que esse era o caminho.
Fui seguindo seus passos,
Conduzindo meus atos,
As pegadas na areia
Começaram sumir.
Fiquei preso na teia
E os meus atos covardes,
Sei que agora é tarde,
Para tentar corrigir.
Eu tinha a certeza
De ter ouvido a sua voz,
Sinto uma tristeza
Quando nós ficamos sós.
Ainda ouço a sua voz,
Sozinho torço por nós.
Estamos imóveis
No mesmo cômodo,
A comida e os vinhos
Vão estragar,
Sei que nossa vida
Se tornou um incomodo,
Nós nos esquecemos
De como amar.
Eu tinha a certeza
De ter ouvido a sua voz,
Sinto uma tristeza
Quando nós ficamos sós.
Deixamos que os outros
Decidam por nós,
Mas os outros se vão
Quando ficamos sós.
Prometo alterar
Meu comportamento,
Sinto remorso, choro, lamento,
Por tudo que fiz você passar.
Eu tenho a certeza
De ter ouvido a sua voz,
Sinto a sua beleza
Quando nós ficamos sós.
(Autor: Michel F.M.) 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Bem-te-vi (voando por aí)


Como a gota na folha,
Em um breve chuviscar,
Como o aroma da flor,
Na primavera a brotar,
Assoviam os bem-te-vis,
Lá na copa da cerejeira,
Se banhando no chafariz,
Namorando a noite inteira.
Somos dois
Bem-te-vis,
Voando por aí.
Minha frágil passarinha,
De você eu vou cuidar,
Vou amá-la com carinho,
Protegê-la e guardar,
O inverno chegará,
Vem de longe e sozinho,
Mas o amor não faltará,
Pra esquentar nosso ninho.
Somos dois
Bem-te-vis,
Voando por aí.
A metamorfose
De cores e sons,
A fusão de um cristal
Em inúmeros tons,
Eu e Você
Como a Água na Terra,
Um abraço e um beijo
Onde tudo se encerra.
Somos dois
Bem-te-vis,
Voando por aí.
(Compositor: Michel F.M.)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O Amor é Amável


O Amor é Amável

O amor é simples e admirável,
Complexo e inexplicável,
Fogoso e insaciável.
Pode ser invisível ou palpável,

Mas é com toda a certeza cultivável.
Quando verdadeiro é durável,
Fortalecido é indestrutível, inquebrável,
Se derradeiro mantêm-se infindável,

Mas nunca, jamais, intolerável.
Sentimento fino e agradável,
Nele o respeito deve ser respeitável,
Em sua existência, honrado e louvável,

Dependendo o caso e a ocasião é inadiável.
O amor perfeito é invulnerável,
Não pode tornar-se desagradável,
Ou então degradar-se tornando-se degradável.

Resiste aos trejeitos, a avenida do amor é transitável,
Sempre plausível, nunca vaiável,
Terrível é aquele irrecuperável.
Quando em público é observável,

O amor inconsciente é inimaginável,
E se amamos quem ama a gente fica inseparável,
Prova de amor é inquestionável,
A palavra transcende; é inominável.

Se fosse metal seria inoxidável,
Sendo sincero é insubstituível,
Mas aquele aventureiro é instável.
Quanto mais alto mais intocável,

Se for um presente é irrecusável,
Para todos um dia será irremediável,
Em sua nobre presença indispensável,
O amor é amável.

(Compositor: Michel F.M.) ©

Related Posts with Thumbnails