terça-feira, 26 de julho de 2016

Coração de Mesa Riscado a Grafite



Coração de Mesa Riscado a Grafite

Inanimada, mimada, maltratada.
Estudantes a usufruem,
Tratantes a confundem.

Altar dos casórios,
Palco dos escritores,
Símbolo supremo dos escritórios.

Vendida, comprada,
Doada, lixada, pintada,
Montada, desmontada, desdenhada,
Compensada, carunchada.

Suporte supostamente sociável,
Atura copos, pratos, panelas, jarras de suco,
Cartas de baralho e murros de truco !

Agüenta as facas e suas pontas,
Agüenta contas, pregos e cola,
Livros, álcool, mimeógrafo, carbono e sola.

Suporta-nos !
Eu, a letra "e", Ela.

Distanciados pela injuntável falta de apetite,
Fusionados num coração de mesa riscado a grafite.

(Michel F.M.)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Cidadania Global


Cidadania Global

Porque me interroga Hermano ?
Afinal, não somos tão diferentes,
Residimos neste círculo plano,
Moramos nos mesmos continentes.

Um membro do mundo,
Cidadão Global.
Coexista, insista comigo,
Coexista, meu amigo.

Conhecerei o que há pra conhecer,
Quando acabar, reinventarei,
Novos limites,
Tele-guiados por outros palpites.

Requisitei ao consulado terrestre,
A Cidadania Global,
Naturalidade terráquea,
Passaporte a aval.

De São Paulo a Paris, De Berlin a Pequim,
Nova York a Istambul, Buenos Aires a Oslo,
Seul a Havana, Bagdá a Varsóvia,
De Roma a Sidney, De Lima ao Nepal,
Nairóbi a Londres, Moscou a San Juan,
Hanói a Kiev, De Lisboa a Lapônia,

O meu país é onde eu estiver,
Minha casa está no leste oeste,
Em minha cama estarei em paz,
Cobrindo os povos uma só veste.

Membros do Mundo.
Cidadania Global.

(Michel F.M.)

terça-feira, 19 de julho de 2016

A Invasão Começou


A Invasão Começou

Era uma vez um dia ensolarado,
Ninguém percebeu o que tinha de errado,
Quando acordei já era de manhã,
E nada mais era o mesmo.

Bateram na minha porta,
Eram os poliglotas,
Contando-me uma história,
Sobre o dia da invasão.

A invasão começou,
A invasão começou.

Há muito tempo atrás isso já acontece,
E só agora fazemos as preces,
As coisas mudam a cada dia,
Nós vivemos nessa agonia.

Pensamos que o mal está lá fora,
Mas muitas coisas são apenas história,
Nós somos capazes de compreender,
Pois nem tudo o que vemos é só TV.

A invasão começou,
A invasão começou.

Os vilões hoje em dia, são a nossa rotina,
E nós os heróis dessa correria,
A felicidade entre quatro paredes,
Para algumas pessoas é um inconveniente.

O mal nos dominou e agora,
Não somos mais os mesmos de outrora,

A invasão começou,
A invasão começou.

E aquela escuridão que não ia acabar,
Era apenas um eclipse solar.

(Michel F.M.)

quarta-feira, 6 de julho de 2016

VIDA Reduzida



VIDA Reduzida

Pães de mel com suco de morango.
Até 8 outonos leite com chocolate,
Dos 12 em diante café com leite.
Colchão estendido ao chão,
Relaxamento na matine.

Caixa de areia meio vazia meio cheia.
Anjos de porcelana ocultos na penteadeira,
Posicionados cuidadosamente
Para não serem vistos, como deve ser.

Ignorada na garagem uma pilha de notícias
Importantíssimas, (in) formando as traças,
Sendo afinal consumidas.
Edições desatualizadas, fora de circulação,
Acontecimentos; saúde, esportes, educação,
Mobiliários, obituários, inaugurações,
Baladas, high society, economia, dinheiro.
Vidas reduzidas a centímetro por coluna,
Servirão, para forrar o lixo do banheiro.

Uma garrafa de água, seca, alguém tem sede,
Mas o plástico do recipiente será reciclado,
Se ninguém jogá-lo no bueiro mais próximo,
Causando a próxima e (in) evitável inundação.

(Michel F.M.)
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