sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Imperador Pirou (A vulnerabilidade do invulnerável)

O Imperador Pirou
(A vulnerabilidade do invulnerável)

Em um Império Remoto,
Longe de qualquer progresso,
Imperava um Imperador,
Temido por seus excessos.

Seus domínios extensos,
Das pastagens à cordilheira,
Não serviram de aperitivo,
Ao cruzar com a borralheira.

O ilustre se cativou
Com aquele avental,
Sua política interna
Virou extrema liberal,
Ao contemplar a lavadeira
Numa tarefa eventual. Uau.

O Imperador Pirou,
Se fez de camponês,
Um barril de rum bebeu,
Rasgou seu manto em três,
Se proclamou plebeu,
Abandonou o clube inglês,
Não pensou no que perdeu,
Só pensou no que não fez.
Jamais se arrependeu,
E no final era uma vez...

Deu as costas à realeza
E o galanteio virou papo,
Seria ele e sua duquesa
A Imperatriz do Farrapo.

Nos registros do reinado
Anotava-se um prefácio,
A paixão de um sangue azul
Pela empregada do palácio.

O Imperador Pirou,
Se fez de camponês,
Um barril de rum bebeu,
Rasgou seu manto em três,
Se proclamou plebeu,
Deixou de ser burguês,
Não pensou no que perdeu,
Só pensou no que não fez.
Jamais se arrependeu,
E no final era uma vez...

Era uma vez...

(Compositor: Michel F.M.)
|© 2010|


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tosca Beleza

Tosca Beleza

Algumas situações são inexplicáveis, outras situações simplesmente não precisam de explicação, ela não precisava, eu precisava dela. Aquele lugar inteiro estava em uma imundice só, uma baderna infernal; lixo, sujeira, pilhas de tranqueiras trancando a passagem, um piso encardido, ambientes encardidos, móveis encardidos.

Ela acordou depois das 10h, deveria ter saído às 9h30; uma cara amassada pelo sono profundo da madrugada, um rosto belíssimo. Dizer que vê-la naquele estado matinal era encantador seria pouco, vestindo um pijama completamente esgarceado, desbotado e terrivelmente sensual, ela era toda errada e comum. Na maioria absoluta das vezes dispensava qualquer formalidade e etiqueta, era anti-etiquetas, fossem sociais ou em vestimentas informais, era informada, era formada e briguenta. Seu relaxo era charme, a negligência consigo mesma, forjava sua singularidade. Empurrou o portão, saiu.

Na rua, na realidade mundana, era o centro, o centro de convergência, centralizava a atração. Os homens mais velhos pérvidos, em suas mentes podres tinham fantasias nojentas, instantaneamente, enquanto ela cruzava de uma ponta a outra das esquinas. Os garotos jovens, alimentavam sonhos inocentes (ou nem tanto), a respeito de terem consigo uma garota como aquela, marcando presença, imponência onde estivesse. As mulheres mais velhas, recordavam a juventude de quando foram atraentes; outras que nunca foram atraentes, recordavam quando quiseram ter sido. As mais novas odiavam-na, por seu desleixo, que ainda assim e talvez graças a isso, hipnotizava os machos civilizados, queriam matá-la e o faziam em suas mentes invejosas, queriam ser ela.

As bem novinhas, ficavam maravilhadas vendo-a, não a comparavam com um conto de fadas, pois princesas não eram largadas daquele jeito, mas neste instante percebiam que não precisavam, nem precisariam pertencer ao reino da fantasia, notavam que também poderiam ser normais, indo de encontro ao desconhecido nível da tosca beleza. E sem nenhum atributo aparentemente amável, chamariam de uma forma ou de outra a incansável e disputada atenção.

(Autor: Michel F.M.)


Related Posts with Thumbnails