segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Os criadores da criação

Os criadores da criação
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Por: Michel F.M. / baseado no texto Criatividade e grupos criativos
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Sem dúvida o século XIX e XX foram os séculos da criatividade, impulsionados pelas revoluções industriais e pelos incansáveis estudos científicos. E hoje nos deparamos com um questionamento, será que a criatividade é americana? Nas últimas décadas a impressão que se tem, é que os Estados Unidos vem sendo o país mais criativo do mundo, com todas as suas novas descobertas e invenções. Porém os maiores inventores norte americanos são europeus, devido à guerra mundial no período que compreende 1930 a 1960 muitos estudiosos e cientistas fugiram da guerra e dos problemas europeus e vieram para nos EUA, devido a essa evasão européia a criatividade realmente cresceu na América do norte. Mas o país que se considerava o mais criativo do mundo, encontrou concorrentes à altura, primeiro com a URSS que enviou o primeiro satélite ao espaço, depois com o Japão que mostrou sua força mercadológica e econômica com seus produtos incrivelmente baratos, e finalmente com o terror islâmico, ironicamente o país que levou a guerra e a destruição a todo o planeta, viu seu maior símbolo de poder (as torres gêmeas) sucumbir em seu quintal.
Partindo da criatividade mundial, passamos à criatividade empresarial; porque as empresas devem ser criativas? Atualmente as grandes empresas dispõem de máquinas que fazem o trabalho mais “chato” e constante e tais máquinas precisam de pessoas para controlá-las, sabemos também que independente do avanço da tecnologia uma máquina jamais será criativa como o ser humano pode ser, porque ela é programada para fazer coisas sempre exatas e a criatividade não é exata. Além do mais a evolução exige mais evolução, no entanto as empresas limitam a criatividade de seus funcionários, as mesmas acreditam que todos têm que pensar a partir de uma fórmula principal e comum e isso não funciona. São construídas barreiras psicológicas na mente dos funcionários exterminando qualquer suspiro de criatividade. E chegamos ao outro contraponto, porque as empresas não são criativas? A resposta é simples, as idéias inevitavelmente serão barradas pelos chefes, muitas vezes o funcionário tem uma restrita liberdade de criação, coloca seus planos no papel que fatalmente continuarão no papel. Os setores de controle de administração da empresa ao invés de enxergarem a nova idéia como uma oportunidade, classificam os projetos como perigos eminentes. O grande mercado predatório e míope quer funcionários eficientes e pouco inteligentes, repetitivos e pouco criativos.
A criatividade é um assunto muito discutido em nossa sociedade, existem muitos estudos sobre indivíduos em particular que fizeram grandes feitos e foram importantes no ponto de vista criativo. Mas quase não existem estudos sobre criatividade coletiva. A criatividade é algo muito particular, acontece de maneira diferente em cada individuo, porém algumas características são comuns a todos, como informação e conhecimento. Apesar de alguns criadores afirmarem que a imaginação foi mais importante do que os estudos no decorrer de suas vidas.
Alguns dizem que todos somos criativos, outros que a maioria tem criatividade ordinária, mas poucos tem criatividade extraordinária. Existem muitas teorias sobre como funciona o pensamento criativo, como disse “Wallas” aprofundando o pensamento de “Helmholtz” existem quatro fases a criatividade: preparação, incubação, iluminação e verificação. “Freud” também se aventurou nesse universo e depois “Arieti”, formulando a idéia de pensamento primário e secundário idéia que foi desenvolvida mais tarde e foram adicionadas a ela a esfera emotiva e racional. Pois bem, a conclusão que chegaram com esse complexo esquema, foi que a criatividade é uma mistura da fantasia com a realidade e uma não funciona sem a outra. Não basta a pessoa criar uma coisa maravilhosa, ela tem que mostrar isso aos outros e essa criação tem que ser útil e significar alguma coisa, então ela será reconhecida pelo seu trabalho.
Com relação à literatura e poesia a criatividade está associada ao conceito de belo que por sua vez se liga ao comovente, à melancolia, que desperta as lágrimas na alma sensível. Um ponto essencial no que diz respeito à poesia é a estrutura, que é muito importante e está diretamente ligada à própria criatividade. Alguns poetas e compositores preferem criar grandiosas poesias, extensas e minuciosamente trabalhadas, enquanto outros acham perda de tempo fazer um trabalho muito longo, que vá dispersar o leitor e preferem criar apenas de forma espontânea, sem planejamento, poesias curtas e sucintas. Atualmente devido aos avanços tecnológicos, a criatividade coletiva está em alta e não é menos genial do que a individual. As empresas estão se tornando globais e fica muito difícil manter poucos indivíduos criando isoladamente, a demanda é gigantesca e as criações precisam acompanhar o crescimento. Voltando novamente à questão artística, de um lado temos as grandes orquestras sinfônicas, que determinam rigorosamente o papel de cada um dentro do contexto erudito, maestros, músicos, compositores, interpretes; enquanto de outro vemos o Jazz considerada junto com o cinema a expressão máxima do século XX, com todas as suas improvisações, espontaneidade e o exemplo claro da criação em grupo, contrariando a música clássica onde só um cria e os outros reproduzem.
A criatividade nos parece algo solto, livre e imaginário, mas ela depende de técnicas referentes a cada coisa que você cria, relaciona-se à área em que você aplica a criatividade. Um criador pode julgar que tudo o que pensa e está inventando não depende de nenhum outro fator, porém o próprio fato de criar é baseado em regras, mesmo que inconscientes. O criar não depende só da imaginação e concretude, mas também da administração dos pensamentos e de técnicas introjetadas. A criatividade artística pode ser individual e coletiva, programada ou repentina. Já na cientifica prevalecem os processos coletivos e uma idéia está sempre ligada à outra. Muitas vezes é possível destacar grupos geniais, gênios coletivos compostos de sujeitos individuais que sozinhos não são brilhantes, mas em equipe são incríveis. Sabemos que o maior problema da criação coletiva é a intolerância, os indivíduos precisam se respeitar mutuamente, para conseguirem alcançar algum objetivo maior. E quando os integrantes passam a se sacrificar pelo todo, pelo grupo, as coisas passam a dar certo, mas para isso é preciso que todos estejam maduros o suficiente e saibam abrir mão de suas particularidades e de seus desejos pessoais, quando isso for necessário. Quando esse comprometimento não acontece, um único membro do grupo passa a impor suas idéias e o grupo tem sua criatividade reduzida até se esgotar. Por outro lado a interação, união, a espiral positiva leva o grupo muito próximo da perfeição, onde todos os integrantes se sentem bem por estarem juntos. Outro ponto importante de destaque é o líder-fundador, aquele que se sacrifica, se entrega e da à vida pelo projeto, é ao mesmo tempo autoritário e carismático, por assim dizer o pai, que estará ali todos os momentos, pronto para ouvir e ajudar sempre seus parceiros em busca do sucesso de sua idealização.
Existem algumas diferenças entre os indivíduos criativos e os grupos criativos, enquanto o individual expressa intensamente seus sentimentos e emoções, o coletivo tem mais receio de expressar pensamentos interiores. Mas em essência trazem frutos para toda a humanidade, seja individual ou coletiva a criação sempre trará benefícios para o mundo se for usada para o bem. Criem !!!

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